Reflexões sobre a Hipnose de Rua

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Reflexões sobre a Hipnose de Rua

A Hipnose é somente hipnose. Se considerada pelo prisma histórico, talvez até ppoderíamosconsiderar escolas e linhas teóricas da hipnose, tais como Hipnose Clássica, Moderna, Ericksoniana (surgida após Milton H. Erickson), entre outras.

Entretanto, quando a hipnose é aplicada em algum contexto, logo, surgem essas definições e classificações tais como a Hipnose de Palco (por ser praticada em show ou num palco/teatro), Hipnose Clínica ou Hipnoterapia (porque denota o uso da hipnose em consultórios médicos, psicológicos, dentistas, fisioterapeutas, ou de terapeutas habilitados na hipnose), a Hipnose Esportiva (onde hipnotistas aplicam a hipnose no âmbito do desempenho de atletas), a Hipnose Experimental (normalmente denominada assim para os estudos científicos sobre a hipnose), assim tantas outras denominações quando onde a Hipnose for usada, tal como a Hipnose de Rua (praticada na rua), Hipnose de Circo (antigamente comum quando praticada nos Circos), entre outras classificações.

“Não há nenhuma evidência de sérios riscos aos participantes de hipnose de palco, e que qualquer risco que possa existir é muito menos significativo que os envolvidos em muitas outras atividades.” Relatório do Parlamento Inglês (1995);

 

A demonstração do fenômeno

Agora, a Hipnose de Rua não deixaria de ser mesmo o uso da hipnose na rua, onde o objetivo, eu entendo como sendo (ao menos penso que deveria ser) somente com o objetivo da demonstração do fenômeno do transe hipnótico. Nesse contexto da Hipnose de Rua, o que se assemelha aos números de mágica e ilusionismo feitos também na rua, que é a prática da técnica com os transeuntes. O hipnotizador na rua incorre em alguns aspectos éticos que vão além dos que normalmente são enfrentados na Hipnose de Palco, isso porque quem vai num show/teatro/convenção onde a hipnose é o foco, normalmente já vai predisposto a participar do ritual envolvido nesses eventos, e em alguns casos até concordar formalmente com a isenção de responsabilidade do hipnotizador através dos termos e condições envolvidos na apresentação. Na rua, o hipnotizador deve invariavelmente abordar as pessoas que por ali passam e prôpor o transe hipnótico, e esse procedimento as vezes invasivo ou não, é uma oportunidade para o próprio hipnotizador demonstrar suas capacidades e habilidades em causar o transe hipnótico, e não necessariamente para criar um resultado específico no indivíduo que vá além da demonstração do fenômeno em si. Qualquer proposta que vá além da pura provocação da fenomenologia hipnótica, poderia quem sabe até incorrer na responsabilidade do hipnotizador por quaisquer danos morais (ou outros) do hipnotizado, isso dito aos casos onde não há anuência da pessoa abordada para que seja hipnotizada e/ou mesmo que seja gravado e publicado seu video na internet.

 

Realidade no Brasil

Entendo que esse movimento da Hipnose de Rua traz uma proposta nova para o Brasil, coisa que já acontece em vários países do mundo, onde tem ou não aceitação. É preciso entender para onde tudo isso está caminhando, e se é algo que traz benefícios ou não para a Hipnose e não somente ao próprio hipnotizador. Um ponto importante é que na Hipnose de Rua não há terapia, é pura demonstração do fenômeno da hipnose, portanto, expor o indivíduo ao ridículo não é ético. Nos Estados Unidos, é comum ver esse tipo de demonstração da Hipnose (Street Hypnosis) nas ruas de Las Vegas por exemplo, e lá as pessoas pagam ingressos para assistirem a shows de hipnose de palco, e também é comum encontrar com hipnotizadores fazendo suas demonstrações nas ruas. A liberdade da prática, a regulamentação de cada estado, o conceito de responsabilidade são parte da cultura americana, e é comum que hipnotizadores tenham contratado seguros de responsabilidade específicos para suas apresentações e também o fazem os que usam a hipnose na prática clínica/terapéutica. Isso acontece porque qualquer pessoa hipnotizada poderia entender que foi afetada como produto de alguma demonstração do hipnotizador, e que este provocou algum dano a ela. Não conheço nada parecido no Brasil, nem percebo como parte da cultura brasileira a consciência de que a responsabilidade é algo que pode afetar a qualquer um a qualquer momento, e este vai ser mesmo responsabilizado e penalizado caso algo de danoso aconteça ao outro. Onde não há o “jeitinho” as pessoas não fazem certas coisas por conta da sua própria consciência, e não porque uma lei determina fazer ou não alguma coisa.

Depois de observar a realidade da hipnose em vários países, tenho a percepção de que no Brasil há muito mais o interesse na prática da hipnose do que no entendimento e estudo dos processos envolvidos em todo o processo hipnótico. Isso é observado pelo interesse massivo no aprendizado das técnicas de indução ao transe, o que de alguma maneira é o limite estabelecido no cenário atual da Hipnose no Brasil. Todo o trabalho clínico, experimental e de estudos realizados por profissionais sérios, ainda são limitados e pouco explorados, apesar de já termos produzido resultados de extrema qualidade acadêmica. A falta de união entre os formadores e os praticantes pode limitar o objetivo de facilitar que a população em geral tenha um melhor entendimento da hipnose, também, que a hipnose seja praticada independentemente de onde seja aplicada, porém que tenha o entendimento correto, científico, e ético que requer.

A hipnose não é um procedimento perigoso quando praticado por pesquisadores e profissionais qualificados (Lynn, Martin, & Frauman, 1996);

Portanto, o perigo está em como a hipnose é usada e aplicada, logo, o fator que deve ser entendido como foco principal na questão da hipnose é o hipnotista.

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2 respostas

  1. Avatar de Elyab Leno
    Elyab Leno

    Realmente diante de tudo o que vemos, ouvimos, e presenciamos, sem consequência nem medidas necessárias ainda o que deve prevalecer é o Caráter e no mínimo um Bom Senso, de cada Hipnotista.

    Um dos melhores post que já li! Parabéns Fábio Carvalho

    1. Avatar de Fábio Carvalho
      Fábio Carvalho

      Muito obrigado pelo comentário Elyab!

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